DIREITO À INFORMAÇÃO: RECONFIGURAÇÕES DE SENTIDO SOB O SISTEMA ALGORÍTMICO

Mediação: Me. Roseni Moraes Guimarães
Horário: 14h às 15h30
Tempo: 20min. por palestrante + 30min. de conversa

  • Partilha do sensível, política e a reinvenção do fazer jornalístico
    Dra. Mirian Meliani Nunes

As Redes Sociais Digitais (RSD) são um campo aberto para a construção de enunciados individuais, de grupos e, em última instância, para uma grande narrativa coletiva cuja escalação de heróis e vilões é customizada a partir de algoritmos e da construção de bolhas de isolamento. Segundo Rancière (2009), o campo da política é mediado por discursos que operam a meio caminho entre o “desentendimento” e a “partilha do sensível”. A construção de rearranjos de signos une política e arte, assim como o trabalho, em seu sentido mais estrito. Em resposta aos arranjos algorítmicos sistematizados, outras recombinações emergem da multivocalidade (LEÃO, 2005), expressando decisões criativas de resistência, em uma dinâmica de esclarecimento. Pretendendo ou não, muitas vozes contribuem para a reinvenção do fazer jornalístico, atravessado pelos algoritmos, pelo mercado da desinformação e pelos sistemas inteligentes controlados por grandes corporações transnacionais.

  • Arquitetura semiótica da homofilia no WhatsApp: relações entre Fake News e sociabilidade
    Me. Renê Eduardo Arruda

Em 2016, novos movimentos políticos invadiram a cultura ocidental e introduziram a expressão fake news. É característica destes movimentos a adoção de plataformas para comunicação “direta” com a militância – no caso brasileiro, com preponderância do WhatsApp. Fake News é um conceito impreciso pois guarda em si todo um espectro de falseamentos do relato jornalístico (SANTAELLA, 2020). Sua peculiaridade está na dependência das tecnologias digitais (BUCCI, 2019). Para além da culpabilidade das plataformas, há que se examinar a origem da potência de difusão, que não está apenas no digital e ou nas vulnerabilidades humanas, mas nas dinâmicas interacionais entre agentes. A palestra discutirá como o WhatsApp, em sua arquitetura interacional, promove homofilia e quais as relações entre a plataforma, fake news e sociabilidade. O percurso metodológico consiste na análise semiótica peircena (SANTAELLA, 2020) que busca examinar signos e seus efeitos interpretativos.

  • Espaço público, performance cognitiva e liberdade de expressão
    Me. Dionísio Moreno Ferres

Orientados pelos usos culturais, os espaços públicos representam um lugar de interação. Sua vocação democrática oferece uma composição simbólica que é revestida de interesse social. Neles, já vimos e ouvimos gritos de luto e choros de emoção, como também marchas e apelos ao silêncio pela paz. É possível afirmar que os espaços públicos são meios simbióticos (SANTAELLA, 2019, p. 11). Essa dinâmica tem a mesma performance cognitiva que nos possibilita observar uma obra de arte e obter reações de alerta, questionamento ou arrebatamento. Ao estender-se também às redes digitais, constitui um ecossistema antroposférico de intensas semioses. Assim, “a internet amplia o espaço público” (CARDON, 2021, p.5). Seus limites e as interações que dele emergem podem resistir no tempo e no espaço cibernético, mesmo que cessem no espaço físico. Dessa forma, a nova política ecológica se nutre do “pensar complexo”, reduzindo a separação entre a biosfera e a antroposfera (MORIN, 2020, p.18). Tal contexto aponta para a necessidade de preservação e conservação de resistência de suas vocações de liberdade de expressão, acesso igualitário conectivo e de direito à informação.